Coração Japonês na Cidade Maravilhosa

2014/4/29


 

[Episódio 1] Srª Masuyo Otsuka, professora de Ikebana

A professora Otsuka (esquerda)
Há 31 anos a professora Otsuka coordena o curso de Ikebana no Instituto Cultural Brasil-Japão. Ela é a mestra veterana. Os cursos acontecem duas vezes por mês e a professora vem de São Paulo trazendo sozinha todas as flores utilizadas nas aulas. Para evitar que as flores amassem, ela vem de ônibus. Na hora do curso, que tem início às 13h, as flores já foram separadas em baldes para cada aluna, esperando o momento para serem trabalhadas em belos arranjos.
O tema do arranjo hoje é “carvalho”
“Maior!”, “Mais natural!”, “Mais harmonioso!”. Durante o curso inteiro, ela orienta animadamente a turma. Cerca de 28 alunas escutam atentamente as orientações da mestra, produzindo seus arranjos e acertando os detalhes necessários que são corrigidos pela professora. Como o trabalho é intenso, a Sra. Otsuka não tem nenhum momento para descansar. Tirando uns minutos aqui e ali, ela também ensina no nível básico para 5 alunas novas. Às vezes, há momentos em que ela segura a cintura com cara de dor. Mas ela sempre fala que “Enquanto tiver flores, está tudo bem.” e segue orientando as alunas de pé no total de 4 horas.

Para fluentes em japonês, ela orienta neste idioma e para brasileiras, com a ajuda da tradução da assistente. No entanto, para as alunas dela, a maneira como ela produz os arranjos é muito mais importante do que as palavras. Dizem que as alunas que participam do curso há muito tempo, começam naturalmente a compreender o que a professora quer dizer. Quando ela analisa a obra de uma aluna e começa a falar “Olhe...” em japonês, as alunas já se reúnem perto dela, tentando compreender o que ela vai dizer.
Com as alunas durante do curso
A Srª Otsuka, além do curso de Ikebana, participa de atividades culturais desenvolvidas no Rio de Janeiro, fazendo demonstrações ou exposição. Em março de 2013, a exposição de Ikebana e as oficinas no Forte de Copacabana foram um grande sucesso graças ao trabalho dela. “Os japoneses gostam de flores, mas os brasileiros também. Talvez os brasileiros gostem mais de arranjos de flores em casa do que os japoneses”, ela comenta. Diferente do Flower Arrangement do Ocidente, que é normalmente arranjado em formato de bola, o Ikebana mostra sua beleza na singularidade de cada obra. Segundo ela, a altura de cada flor de Ikebana apresenta certa diferença, por isso cada flor parece mais linda e esse senso estético existe não somente nos japoneses, mas também com grande intensidade nos brasileiros. Muitas alunas entram no curso, depois de apreciar alguma demonstração ou exposição, percebendo esta diferença entre arranjos ocidentais e a beleza original do Ikebana. No entanto, a motivação e a atitude de cada aluna no curso são diferentes, e por isso a orientação precisa ser cuidadosa, ainda mais quando há várias alunas reunidas. E sempre dedicada em sua missão de ensinar, a professora Otsuka diz: “Quando uma pessoa comenta sobre a beleza de um Ikebana, fico com mais vontade ainda de seguir ensinando esta arte”. Levanta-se e continua suas aulas, com uma alegria impressionante.

(fim)